Depois de desafiados a realizar um mural dedicado à obra de José Carlos Barros, tivemos o privilegio de ser convidados pelo autor para a sua oficina onde nos mostrou as suas realizações e nos contou a sua história de vida e o seu caminho nas artes e como professor. Ainda nos acompanhou ao Museu do Teatro para explicar o funcionamento das suas máquinas de cena que desenhámos ao vivo. O autor também nos enviou imagens dos seus teatros de rua.
Consultámos dois catálogos para terminarmos esta primeira etapa de pesquisa e percebemos que a criatividade do autor foi vasta e diversificada.
Na segunda etapa fomos ver as paredes da rodoviária, não degradadas, com alguma altura, de um branco limpo e escolhemos a que fica separada no final das colunas. Decidimos que teríamos de fazer uma intervenção de acordo com a sua forma física (um pouco arredondada) e a localização (local onde passam muitas pessoas). Medimos a parede e escolhemos fazer uma pintura com frente e verso.
Em sala de aula cada um tentou desenhar à escala uma composição de mural por sugestão do que vimos, ouvimos e lemos. Encontrámos um sentido de festa nas criações do autor que procurámos celebrar. Colocámos as personagens “em cena”, misturando, quer as de diferentes épocas de conceção, quer as de diferentes materiais, marionetas, máscaras, adereços ou máquinas de cena.
Para a composição coletiva da parede frontal selecionámos diferentes partes dos desenhos realizados, na tentativa de interligarmos os contributos individuais. Tentámos que estas personagens estivessem “animadas” numa composição dinâmica a apelar ao som. Na parede posterior escolhemos a composição da dragoa, que adquiriu vida em movimento
Na terceira etapa, ampliámos os desenhos da composição coletiva para a escala da parede ponderando as cores na área a intervir.
Na quarta e última etapa, à medida que a pintura crescia semanalmente, fomos pensando e realizando alguns ajustes na composição e nas cores. Como o andaime só foi montado no final do segundo período de aulas, alguns pormenores de ligação entre a frente e o verso da pintura não tiveram tempo de ser executados.
Para título do mural misturámos as palavras festa, cenografia e alegria.
Esperamos assim homenagear e chamar a atenção para o trabalho deste autor.
Os alunos do 12º Ano de Artes Visuais.
Bombarral, Junho de 2025
Beatriz Gil Veiga | Beatriz Gomes | Dânia Filipe | Débora Alexandrino | Duarte Vital João | João Figueiredo | Madalena Ferreira | Samuel Rodrigues
José Carlos Barros começou desde a mais tenra idade a interessar-se pela construção das marionetas, uma paixão que lhe adveio do convívio com fantocheiros tradicionais, mas também pelo fascínio pelos espetáculos ambulantes, pelos robertos que, na sua juventude, animavam as feiras de Portugal, lembrando-se em particular de uma “maquineta” que passava pela sua terra natal, pelo Bombarral, com um espetáculo cuja trama remetia para a difícil “relação” de Sebastião José de Carvalho e Mello com os padres da Companhia fundada pelo santo basco Íñigo López de Loyola.
[Paulo Morais-Alexandre, catálogo da exposição Em terra de gigantes e dragões voadores, Politécnico de Lisboa, 2023]
José Carlos Barros (Professor Coordenador Jubilado da ESTC cenógrafo, aderecista e marionetista português, entre outras profissões e artes do espetáculo). José Carlos Barros foi membro fundador do grupo de teatro de fantoches Perna de Pau, que esteve ativo no início da década de 1970, incluindo várias presenças na televisão. Em 1985, com Ildeberto Gama, Norberto Ávila e outros, fundou as Marionetas de Lisboa. Em 1991 deixa a direção artística desta companhia para criar um novo projecto: Criadores de Imagens. Foi chefe do sector de adereços do Teatro Nacional D. Maria II desde a sua reabertura em 1978 até 1989. Mais tarde foi director do Teatro da Trindade. Foi professor na Escola Superior de Teatro e Cinema, antigamente integrada no Conservatório Nacional, até à aposentação.
Extraído de ESTC: https://www.estc.ipl.pt/eventos/em-terra-de-gigantes-e-dragoes-voadores-de-jose-carlos-barros
José Carlos Barros é cenógrafo, aderecista, marionetista, e um extraordinário inventor de objetos.
Foi aderecista no teatro Nacional Dona Maria, Diretor do Teatro Trindade e professor na Escola Superior de Teatro e Cinema, onde coordenou o curso de Design de Cena. Mais especificamente na área das marionetas, fundou o Grupo de Teatro Perna de Pau, foi um dos fundadores da Associação Cultural Marionetas de Lisboa e fundador da Associação Cultural Criadores de Imagens Teatro de Marionetas. É um dos mais originais criadores de marionetas do século XX, com uma vasta experiência em várias áreas das artes plásticas e na construção de marionetas em técnicas e materiais muito diversos. É um privilégio ter no Museu uma oficina orientada pela sua mestria e conhecimento.
Extraído de Museu da Marioneta: Oficina de construção de marionetas em fibra de vidro
Outras fontes
ESTC: "Em Terra de Gigantes e Dragões Voadores" de José Carlos Barros
Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Carlos_Barros
e-cultura: https://www.e-cultura.pt/artigo/5233
Google Arts & Culture: Marionetas magníficas
O catálogo de uma exposição realizada em 2023 que é, de certa forma, biográfico. O trabalho notável de José Carlos Barros e a forma como outros o vêm enquanto cenógrafo, aderecista e marionetista, mas também enquanto pessoa "onde inteligência, talento e mãos se juntam com amor e generosidade", nas palavras do encenador Castro Guedes.
[Ver Catálogo]
Este trabalho foi concretizado pelos alunos do Curso de Artes Visuais do 12.º ano (2024/25), orientados pela Prof. Paula Rito. Foi desenvolvido no âmbito do Plano Nacional das Artes e do Plano Nacional de Leitura - "Movimento 14-20 a Ler", apoiado pelo pelo Município do Bombarral que é parceiro do projeto APALAVRARTES.
Agradecemos a cedência de andaimes
As Giestas (2021)
Alegria (2022)
As quase aventuras de Adriana (2023)
Maria Barreira (2024)
Painel de azulejos "Viajar no tempo" (2025)
Festaria (2025)
Mural dos Cientistas (2023 - espaço escolar)
Mural da Liberdade (2024 - espaço escolar)